Thursday, April 17, 2008

Porque é errado bater em crianças

Bater numa criança, mesmo que seja uma palmada será sempre um ato autoritário de alguém que está perdendo a autoridade. - Frase tirada do Blog Orientacaopsi.

Uma outra frase que eu li num livro, cujo título e autor eu esqueci, foi: Se quiser que seu filho lhe obedeça aos dezoito anos, comece a educá-lo quando ele nascer. E conversar é quase tudo o que você precisa para educar.

Clara ainda não tem 10 meses, mas tem vontade própria. Falando é quase impossível acreditar, mas essa menina fazia biquinho antes de chorar já aos 2 meses de idade. Agora, que ela está mobilizada (engatinhando) e forte, é ainda mais difícil segurá-la. Já vi uma mãe dando uma palmada num menino da idade de Clara.

Creio que apanhar, mesmo sendo só uma palmadinha, doí. Eu nunca apanhei, mas bastava minha mãe me olhar de soslaio para parar com qualquer coisa errada que eu estivesse fazendo. Sempre respeitei muito minha mamãe, amo-a e a amarei sempre. Espero saber fazer como ela e nunca bater em minha filha.

Eu sento e explico tudo para ela. Talvez ela entenda, talvez não. Mas eu não canso de falar e explicar-lhe as coisas da vida. Claro que é preciso ter paciência. Mas eu a coloquei no mundo para que ela viesse fazer o bem e para isso é preciso lhe dar carinho, educação e respeitá-la - sempre!


PORQUE É ERRADO BATER NAS CRIANÇAS


Aproveitando as comemorações da semana da criança, a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, acaba de lançar um relatório intitulado "PELO FIM DAS PUNIÇÕES ÀS CRIANÇAS", documento inédito em língua portuguesa que relata a experiência de 5 países europeus (Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia e Áustria) que aprovaram leis específicas proibindo toda e qualquer punição física sobre as crianças. O relatório, resultado de um seminário ocorrido em Londres em 1992, apresenta a experiência européia contrastando a realidade de violência que ainda impera em várias nações do velho continente com a situação de respeito aos direitos da criança já alcançada em algumas regiões, destacadamente entre os países do norte da Europa.

Escolhemos este tema, em torno do qual realizamos um seminário específico com a participação de especialistas de várias disciplinas, dispostos a abrir em nosso estado um debate sobre a prática tão comum de pais e mães baterem em seus filhos. Trata-se, na verdade, de uma prática legitimada culturalmente não apenas no Brasil, mas na grande maioria das nações, cuja permanência e transmissão entre as gerações parece ser facilitada pela ausência de um processo de reflexão.

Não deixa de ser curioso que nossa cultura permita conduzir um adulto à prisão se ele tiver agredido fisicamente outro adulto e que, ao mesmo tempo, se entenda como "normal" ou legítimo que um adulto bata em uma criança - um ser frágil por definição que sequer pode se defender da agressão - contanto que ela esteja sob a sua guarda ou responsabilidade. Já possuímos leis até para preservar os animais da dor ou do sofrimento físico, mas há quem imagine que as crianças não necessitam desta proteção. Há mesmo quem esteja disposto a oferecer uma moldura "teórica" para aquilo que poderíamos chamar de uma "pedagogia da violência moderada". O que se depreende do relatório é que o hábito de bater nos filhos não lhes ensina nada além da aceitação da violência como um dado "natural". Crianças que apanham em casa tendem a se tornar agressivas nas suas relações com outras crianças, processo que estimula a formação de adultos mais aptos à assimilação de condutas também violentas. Estudos realizados junto às populações carcerárias na Europa, por exemplo, permitiram estabelecer uma relação entre presos considerados de "alta periculosidade" e a ocorrência de espancamentos na infância.

O que sustentamos é que bater nas crianças é simplesmente inaceitável para um padrão de civilização informado pelos Direitos Humanos. O que, obviamente, não se confunde com qualquer apelo em favor de uma educação permissiva. Educar - o sabemos - significa, também, impor limites. Resta saber se a imposição deliberada de dor ou sofrimento aos pequenos deve continuar sendo vista como um recurso pedagógico ou se, pelo contrário, trata-se de uma prática violenta que merece ser abolida como de resto toda e qualquer violência.

Marcos Rolim - 14/10/96

6 comments:

Anonymous said...

Concordo com o texto, só não concordo com o autor...Marcos Rolim....ixi, figurinha conhecida já há muito tempo por mim...capaz de coisas de arrepiar até cabelo de careca...
e nem perguntei: posso passar por aqui ou é só para as mamães?
Beijos, meninas, e parabéns pela iniciativa!

Unknown said...

Que legal esse texto. Eu apanhei uma vez da minha mãe. Umas palmadinhas, nunca esqueci. Gostei da parceria entre as mães de Gabs e Clara.

Sergio said...

Bater em criança, alem de ser uma covardia sem tamanho ainda não ensina nada à criança. Não gosto de nenhuma técnica de educação baseada no medo. Já dei algumas palmadas nos meus e percebi que não valeu de nada, pra funcionar mesmo talvez devessem ser mais fortes e ai é que mora o perigo; a violencia tem que ser cada vez maior para surtir efeito. Nenhum pai bate pela primeira vez em um filho com um cinturão de couro. provavelmente dá apenas um tapinha, e em seguida um tapa mais forte, em outra ocasiao uma chinelada até que um dia a criança estará sendo espancada. O triste é que ainda hj muita gente acha que uma palmada não faz mal a ninguem.

Criança não é idiota e consegue entender muito bem o que a gente fala. Muitas vezes temos que ser firmes;delicadamente firmes. Com paciência e muita coerência nenhuma criança precisa de palmadas.

Estou adorando o blog. Parebens para as autoras.

Marilena

Cheers! Fla said...

A Victoria com 13 meses jah conhece meu olhar. Eh muito safada e fica testando a paciencia he, he.

bjs.

Andrea said...

Queridas...eu ameeeeeeei o blog novo!!! Tb tenho historinhas pra compartilhar, mas sei que vcs entenderão a total e completa falta de tempo que incide sobre minha vida nesse momento aos 4 meses de LULU (daqui a 6 dias), rs.
Uma delícia esses bebês nas nossas vidas...
Muitos beijos

SandraM said...

Gostei muito do texto.
Muito legal a iniciativa do blog. Parabens!!!

Dani G. é mãe de Gabriël
24 horas por dia, 7 dias na semana.

Marcia H. é mãe de Clara
7 dias na semana, 24 horas por dia.


"Toda mulher que se permite ser mãe, da sua ou da carne alheia, descobre que o filho que depende do seu amor e da segurança que ela transmite, é o melhor presente que Deus lhe deu."